A palavra epigenética significa ACIMA DA GENÈTICA. Por muito tempo acreditou-se que a genética determinava tudo que acontecia no nosso corpo. Por exemplo, O fato de um dos nossos pais terem hipertensão ou colesterol alto, nos fazia acreditar que de fato esse também seria o nosso destino, simplesmente por termos herdado partes do seu DNA. Porém, os estudos da epigenética demonstram que mais do que está escrito no seu DNA, o meio que se vive e a forma que escolhemos interagir com o meio são responsáveis por ativar e desativar sequências do nosso DNA.
Uma equipe de pesquisadores liderada pelo norte-americano George Weistock descobriu, após mapear o DNA das abelhas, que as abelhas rainhas e suas operárias são geneticamente idênticas.
Em um primeiro momento essa informação pode parecer irrelevante, mas ao levarmos em consideração os fatos de que as abelhas rainhas vivem 3 anos e colocam 2000 ovos por dia, enquanto as abelhas operárias da sua colmeia vivem apenas 3 semanas e são estéreis, o dado se torna no mínimo curioso. Afinal, como que duas abelhas com o mesmo DNA, podem ser tão diferentes?
Observou-se que quando a abelha rainha está próxima da sua morte, uma das suas larvas é escolhida, separada das demais e alimentada com a geleia real. Essa larva ao ser alimentada com a geleia real (alimento muito nutritivo) tem uma alteração no seu perfil hormonal. Essa mudança hormonal rege, então, a manifestação de determinados genes e supressão de outros fazendo nascer, em vez de mais uma abelha operária, uma nova abelha rainha.
Essa seria, então, mais uma prova na natureza de que o meio a que estamos inseridos e nossos hábitos seriam os responsáveis por sermos quem somos, inclusive acima do nosso DNA!
O que observamos é a ocorrência de um erro muito comum, que seria confundir genética com hereditariedade. Você sabia que existe uma diferença entre elas? Quando falamos anteriormente no caso do colesterol alto, você sabia que é possível ter taxas de colesterol e triglicerídeos normais mesmo que seus pais, ou seus avós tivessem colesterol e triglicerídeos altos? Isso porque o colesterol alto pode estar ligado a hereditariedade e não a genética!
Vamos explicar...
É fato que herdamos um mix dos genes dos nossos pais, e com eles herdamos sim no nascimento, genes que são predisponentes a certas doenças. Mas, a ciência já sabe (como falamos sobre o exemplo das abelhas) que o ambiente e a forma como você decidiu construir seu estilo de vida interferem diretamente na seleção dos genes que serão ativados ou desativados durante sua vida.
O que ocorre é que além dos genes hereditários, herdamos também os famosos hábitos que aprendemos com nossos pais, avós, e afins, e os repetimos sem questionar ao longo das gerações. Herdamos os hábitos alimentares ruins, as práticas ruins, o sedentarismo, a insônia, e claro...as doenças. Afinal, como teríamos resultados diferentes se repetimos as ações dos nossos antepassados? Crescemos com o pão com queijo na chapa de manhã, com o hábito de comer sem estar com fome, comer mais do que precisamos, comer assistindo televisão ou mexendo no celular, com a coca-cola acompanhando o almoço, o churrasco todo fim de semana, a cervejinha na sexta à noite, ficando acordados até de madrugada, dormindo pouco, e se exercitar pra quê, né?! Afinal, não temos tempo para isso.
Hereditariedade é o fator determinante simplesmente por você fazer das escolhas dos seus pais e antepassados, a sua escolha. Repetindo de geração em geração os erros, escolhendo hábitos de vida ruins que vão em algum momento te fazer chegar a um caminho já conhecido e desenvolver uma doença que poderia ter sido evitada.
Por isso, a epigenética traz o conceito mais libertador de saúde até o momento, já que coloca toda a responsabilidade completamente nas nossas mãos.
Já se sabe que, assim como as dislipidemias (alterações do perfil lipídico), várias outras doenças conhecidas como doenças ligadas ao estilo de vida, que são: hipertensão, diabetes, obesidade, doença coronariana, doenças autoimunes e até mesmo alguns cânceres, estão diretamente ligados à epigenética e hereditariedade se sobrepondo à genética.
Ser saudável não é nada inovador. Apesar de fingirmos não saber por onde começar, nós sabemos sim o segredo para uma vida longa e feliz. Priorizar uma alimentação saudável dando preferência a alimentos vegetais e integrais, noites bem dormidas respeitando suas necessidades de sono, uma vida mais ativa com prática regular de atividade física e uma vida mais presente valorizando cada momento. Te convido à reflexão e te convido a seguir conosco nessa jornada de autoconhecimento e aperfeiçoamento dos nossos hábitos em busca de uma vida plena, saudável, feliz!